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Mil e uma histórias

Para além do vendedor livros, seu Helvécio tem uma vida cheia de histórias. Após sair de São João Del Rey, cidade histórica de Minas, ele passou a morar em Belo Horizonte, onde vive há mais de 50 anos. Como professor de História, seu Helvécio não se limitou à sala de aula. Ele fez um curso de Turismo e passou a dar suas aulas nos museus de Ouro Preto, Congonhas, São João Del Rey e Sabará. “Eu aprendi muita coisa com isso. Eu dava aulas, mas sempre procurava aprender alguma coisa”, diz. “Era História visual. Eu sempre gostei muito da parte visual, seja nos livros, seja no estudo da História. Eu fiz isso por uns cinco anos.”

Na primeira conversa que tivemos, ele mostrou alguns livros que encadernou, alguns materiais de estudo de hieróglifos e história egípcia e um álbum de fotografias cheio de recordações de sua vida pessoal. Neste álbum está um Helvécio mais moço, na época em que fez cursos de montanhismo e espeleologia (estudo de cavernas), junto de suas duas filhas, esposa e amigos.

Fotografias diversas, que vão desde o último eclipse solar total do século XX – o qual motivou uma viagem a Santa Catarina – ao registro de escaladas na Serra da Piedade, evidenciam o espírito aventureiro de nosso personagem. Para ele, o desenvolvimento físico anda lado a lado com o intelectual. Ele acredita tanto na importância de ambas as coisas que pratica natação três vezes por semana há 13 anos e diz que é o que o mantém em forma e bastante saudável.

– Eu não moldei desenvolver só a intelectualidade, mas o também viver, sair, viajar. O indivíduo que viaja tem mais assunto. O pessoal aqui da Humanas detesta essa parte física e ela é importante, “corpo sã, mente sã.”. Eu vejo muitos professores aqui muito emburrados porque se concentraram demais numa coisa só. Eu nunca me fixei só a uma coisa. Eu não tenho problema de saúde nenhum, se tiver de caminhar 10 km eu caminho tranquilo.

São vários conhecimentos que compõem sua história  e lhe são caros. Até de astronomia seu Helvécio entende um pouco. Após compartilhar tantas experiências de sua vida, concluí que a pergunta mais adequada a se fazer a ele seria: o que o senhor não faz ou conhece, afinal?

Mesmo aquilo que não o atrai não lhe é desconhecido. Exemplo disso é sua relação com a informática. Embora não seja muito chegado a computadores, seu Helvécio fez cursos de computação para se manter atualizado. Mas ele é cauteloso quanto ao espaço que a tecnologia pode ocupar em sua vida:

– Televisão eu assisto só quando quero ver filmes. A gente não pode deixar a máquina nos escravizar. Se você deixar a máquina te escravizar, você se torna um robô, ela é que manda em você. Esse negócio de virar a noite na televisão ou computador não existe lá em casa não. Eu criei minhas filhas assim. A noite é feita para dormir e durante o dia você encontra com as pessoas. Tem gente que recebe visita em casa para assistir ao noticiário. Isso é ruim. Afinal, o mais importante não é o ser humano? Você vai deixar de dar atenção a ele para dar atenção a uma máquina? O mundo perdeu a convivência social.

(Sr.) Helvécio

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